Publication Title
Rethinking back-translation for the crosscultural adaptation of health-related questionnaires. Expert translators make back translation unnecessary
Publication Type
PhD thesis
Year of publication
2013
Language(s)

Portuguese, Brazil

Abstract
The primary objective of this thesis is to bring the existence of the practice of back-translation as used in healthcare to the attention of scholars studying translation. Back-translation is a process that is primarily used for the crosscultural adaptation of research instruments, particularly questionnaires. In back-translation an initial translation is translated back into its source language and then this back-translation is compared with the original questionnaire. The assumption is that discrepancies between the backtranslation and the source questionnaire indicate problems with the forward translation, which are considered failures of equivalence. The second objective of this thesis is to present a series of analyses of the back-translation process and some of its results and the conclusions that those analyses lead to. Since the conclusions are uniformly unfavourable to backtranslation, the third objective of this thesis is to demonstrate that competent specialist translators with experience in the area are capable of producing high quality translations of health-related questionnaires without back-translation. In order to achieve these three objectives, the thesis is divided into an expository component an analytical component and an applied component. The expository section presents the back-translation literature in detail, starting from the classic 1970 paper by Richard Brislin, covering contemporary cross-cultural adaptation processes that employ backtranslation and ending with the scant literature containing criticism of back-translation, both positive and negative. The xpository element also includes a brief introduction to translation theory. The analytical section presents arguments that attempt to substantiate the following claims: • back-translation was developed with amateur translators with suboptimal English competence; • back-translation does not evaluate translation quality, rather it detects language deficiency; • the value of back-translation as a step in cross-cultural adaptation was never proven; • back-translation can lead to dysfunctional translations if followed blindly; • back-translation is founded on a simplistic concept of language and of translation and on an a prior expectation of translation failure; • back-translation methods perpetuate the illusion of symmetry in translation; • back-translation anchors the translation to the source text and the source culture; • back-translation enables monolingual control of a multilingual process and reinforces cultural insecurity in “peripheral” cultures; • back-translation is itself perpetuated by past success as defined within the publication-dominated academic patronage system; • back-translation is dismissive of translators’ expertise, denying them the necessary conditions in which to exercise their expertise and enforcing anonymity; • expert translators do not need back-translation, since they have adequate problem identification and solution skills; • in cultures in which translators and translations are not low status, the imported back-translation paradigm is corrosive, since it both instils and reinforces mistrust of translations and translators; • back-translation is not an acceptable means for giving translators a voice, since communication between translator and client should be proactive and ongoing, not reactive and defensive. The applied component of this thesis describes two alternative methods for questionnaire translation. The first is a parallel method in which two expert translators each produced an initial draft and then worked in cooperation through a process of revision to produce a consensus version. Although the consensus-building process was not a complete success, both translators clearly demonstrated the validity of the claim that back-translation is unnecessary. The claim is further justified by the results of a back-translation of a preliminary draft which did not detect any problems that the expert translators had not discussed and failed to detect many problems that they did discuss, showing that back-translation is no substitute for competent expert translators. The second demonstration was unsuccessful in terms of producing a translation of acceptable quality because one translator was either not expert or not professional. Paradoxically, this further justifies the stricture that competent expert translators are a prerequisite for successful translation of health-related questionnaires. In summary, this thesis presents a complete reappraisal of the back-translation process, its justifications and conceptual bases, from the perspective of a translator and translation scholar and in the light of the great changes that have occurred since back-translation was introduced in 1970. Without exception, viewed from several different theoretical perspectives, the conclusion is invariably that backtranslation is a tool that does not serve its purpose and, as Andrew Chesterman has pointed out, a tool with no useful function can be discarded.
O objetivo principal desta tese é chamar a atenção de estudiosos da tradução para a existência de uma prática de tradução conhecida como retrotradução, na forma como esta é utilizada na medicina e outras ciências da saúde. Retrotradução é um processo usado primordialmente para a adaptação transcultural de instrumentos de pesquisa, especialmente questionários. Na retrotradução uma primeira versão é traduzida de volta para sua língua fonte e essa retrotradução é então comparada com o texto original. Supõe-se que discrepâncias entre a retrotradução e o texto fonte indiquem problemas com a primeira tradução, problemas esses considerados falhas de equivalência. O segundo objetivo desta tese é apresentar uma série de análises do processo de retrotradução e alguns de seus resultado, e as conclusões às quais essas análises levaram. Uma vez que as conclusões das análises são uniformemente desfavoráveis à retrotradução, o terceiro objetivo desta tese é demonstrar que tradutores especializados, competentes e com experiência na área (expert) são capazes de produzir traduções de alta qualidade de questionários relacionados à saúde, sem fazer uso da retrotradução. A fim de alcançar esses três objetivos, a tese é dividida em três seções, a primeira expositiva, a segunda analítica e a ultima aplicada. A seção expositiva apresenta, em detalhes, a literatura mais importante sobre retrotradução, iniciando com o artigo clássico de Richard Brislin, publicado em 1970, três processos contemporâneos de adaptação transcultural que empregam a retrotradução e a escassa literatura que contém críticas à mesma, tanto positivas quanto negativas. Essa seção inclui ainda uma breve introdução à alguns conceitos da teoria da tradução. A seção analítica apresenta uma seria de argumentos cujo objetivo é embasar e justificar as seguintes afirmações: • a retrotradução foi desenvolvida com tradutores amadores sem a devida competência na língua inglesa, a qual era sempre ou língua fonte ou língua alvo; • o valor da retrotradução como um passo na adaptação transcultural nunca foi provado; • a retrotradução não analisa a qualidade da tradução, mas sim detecta deficiências de competência lingüística; • a retrotradução pode levar à traduções disfuncionais, se seguida cegamente; • a retrotradução está alicerçada em um conceito simplista de linguagem e de tradução, e em uma expectativa, a priori, de falha tradutória; • os métodos de retrotradução perpetuam a ilusão de simetria na tradução; • a retrotradução ancora a tradução ao texto fonte e à cultura fonte; • a retrotradução viabiliza um controle monolíngue de um processo multilíngue e reforça a insegurança cultural em culturas “periféricas”; • a própria retrotradução, por sua vez, é perpetuada por sucessos passados, conforme definidos dentro do sistema de patronage acadêmico, dominado por publicações e citações; • a retrotradução abnega a expertise de tradutores, negando-lhes as condições necessárias para exercitar suas habilidades e experiência e impondo o seu anonimato; • tradutores expert não necessitam de retrotradução pois possuem as habilidades necessárias para identificar e solucionar problemas; • - em culturas em que tradutores e traduções não gozem de um status inferior, o paradigma importado de retrotradução é corrosivo, pois instiga e reforça uma desconfiança tanto no tradutor como na tradução; • - a retrotradução não é um meio aceitável para “dar voz” aos tradutores, pois comunicação entre o tradutor e seu cliente deve ser proativa, contínua e construtiva e não reativa e defensiva. Finalmente, a seção aplicada desta tese descreve dois métodos alternativos para tradução de questionários. O primeiro é um método paralelo no qual dois tradutores expert produzem uma tradução inicial cada e a partir dessas trabalham em cooperação através de um processo de revisão para produzir uma versão consensual. Apesar de o processo de construção consensual não ter sido um sucesso absoluto, ambas as tradutoras voluntárias claramente demonstraram a validade da afirmação de que a retrotradução é desnecessária. Esta afirmação é justificada mais além pelos resultados de uma retrotradução de uma das traduções preliminares que não detectou nenhum problema que as tradutoras expert não haviam discutido e ainda deixou de detectar muitos problemas por elas discutidos, assim mostrando que a retrotradução não é um substituto para tradutores expert. A segunda demonstração não teve sucesso no sentido de produzir uma tradução de qualidade aceitável porque um dos tradutores não era expert ou profissional. Paradoxalmente, este fato justifica a condição sine qua non de que tradutores expert são um pré-requisito para a obtenção de uma tradução bem sucedida de questionários relacionados à saúde. Resumindo, esta tese apresenta uma reavaliação completa do processo de retrotradução, suas justificativas e bases conceituais, da perspectiva de um tradutor e pesquisador de tradução e sob a luz das grandes mudanças que ocorreram desde que a retrotradução foi introduzida em 1970. Vista sob diversas perspectivas teóricas, a conclusão invariável e sem exceções é de que a retrotradução é uma ferramenta que não serve a seus propósitos e, conforme apontou Andrew Chesterman, uma ferramenta que não cumpre sua função deve ser descartada.
Submitted by Samira Spolidorio on Wed, 07/11/2018 - 14:58